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Sócio-fundadora, diretora executiva e de jornalismo do Portal, I'sis é jornalista e bacharel interdisciplinar em artes formada pela Universidade Federal da Bahia, além de técnica em comunicação visual e pós graduanda em Direitos, Desigualdades e Governança Climática. É criadora e podcaster do Se Organiza, Bonita!
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Autor do vídeo: Coordenador audiovisual, Iago Augusto, também conhecido como Iago Filmes é cineasta baiano com experiência em produção audiovisual em produção de videoclipes e documentários. Acumula colaborações em veículos de mídia independente, tradicional, além de já ter realizado diversas coberturas de grandes festivais e eventos como Afropunk, Lollapalooza, The Town e outros.
Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem-Viver, realizada em 25 de julho no Centro Histórico de Salvador foi parte dos preparativos para a grande marcha das mulheres negras de 2025
Samira Soares, MNU Bahia — Foto: Iago Augusto/Portal Black Fem — Todos Direitos Reservados, jamais reproduza sem os créditos
Nem a chuva, nem homens insatisfeitos com o pequeno congestionamento provocado pela Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem-Viver no Centro Histórico de Salvador, ocorrida em 25 de julho, impediram que meninas e mulheres negras avançassem em direção ao Terreiro de Jesus, manifestando por equidade de gênero e raça, fim ao feminicídio, ao genocídio do povo preto e outras demandas. O ato, que acontece desde 2015 em Salvador, marca este ano as preparações para a grande marcha das mulheres negras prevista para acontecer em Brasília, no mês de novembro de 2025.
Alane Reis, coordenadora do programa de comunicação do Instituto Odara, uma das organizações pioneiras na agenda do Julho das Pretas, em Salvador, explica que o tema da marcha foi escolhido em função de uma demanda global. “A gente está tentando trazer o tema da reparação como uma forma de pensar de fato a superação do racismo. Porque quando a gente não consegue reconhecer que esse passado histórico está vivo na nossa sociedade, a gente não consegue romper com isso. É, digamos, a nossa utopia e o nosso projeto político”.
Samira Soares, coordenadora do Movimento Negro Unificado — Bahia, diz que o dia 25 de julho é extremamente importante para as mulheres negras da América Latina, não só por ser identificado como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, mas também em saudação a Teresa de Benguela, uma mulher negra que ficou conhecida por liderar o Quilombo do Quariterê, situado na região do atual estado de Mato Grosso. Sob a liderança de Benguela, o quilombo Quariterê floresceu como comunidade, resistiu e tornou-se autossuficiente, desafiando o sistema escravocrata da época.
Além disso, Soares também destacou o tema da marcha, o bem-viver. “O que é isso? É discutir que a política instaurada hoje é uma política de genocídio. Isso significa que nos afeta tanto diretamente, enquanto mulheres, quanto indiretamente”, detalha a coordenadora do MNU. “Quando acertam os nossos homens em termos de família, estrutura de comunidade, também nos acertam. Então, a nossa marcha hoje é completa por diversas pautas, desde combate ao genocídio da população negra até o nosso direito de viver em plenitude, que é o direito à saúde e bem-estar, poder viver processos que infelizmente o racismo nos retira”, completa.
Diversidade em marcha
Cleide Coutinho, mãe solo atípica de um jovem de 32 anos, evangélica, progressista, feminista e classista, além de dirigente estadual do PSOL e co-vereadora de Salvador pela mandata ‘Pretas Por Salvador’, destaca que a marcha das mulheres negras tem como marca a diversidade. “A gente vem pra rua com as nossas indignações, lutando pelos nossos direitos, pelas nossas posições políticas. Então, são vários aglomerados de lutas que a gente traz pra esse 25 de julho. A gente vem para marcha e hoje é o dia de a gente se conectar. Tem mulheres que são das trincheiras da luta, mas que a gente só se encontra nesses espaços”, explica Coutinho.
Para Samira, essa diversidade provoca uma conexão intergeracional que é importante para a luta das mulheres negras. “Assim como nas tradições de religião de matriz africana, o diálogo entre o mais velho com o mais novo permanece. Isso porque a gente precisa entender quem já passou por diversas experiências para que a gente possa reinventar as outras”. Ela, que é em termos de idade a mais nova das coordenadoras do MNU, enfatiza que, enquanto parte da juventude negra da Bahia e do Brasil, seu exercício é continuar na luta e numa luta coletiva, organizada pelos povos de comunidades tradicionais e por todas as comunidades de Salvador e região.
Movimento de Mulheres Negras, uma Voz que se Renova
“É muito legal perceber que o movimento de mulheres negras, talvez diferente da grande maioria dos outros movimentos sociais, é uma voz que se renova. A gente tem mulheres que são grandes referências, nossas mais velhas, mas a gente consegue perceber que existem mulheres negras, ativistas em todas as gerações”, aponta Alane Reis, ativista e coordenadora do Instituto Odara. “Eu sou fruto dessa luta, isso me tocou, eu ainda era adolescente quando iniciei no movimento, hoje sou uma mulher de 32 anos e fico feliz de também ser mais velha que outras tantas e mais nova que outras tantas”, completa.
A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem-Viver de 2024 foi conduzida por meninas negras de diferentes idades, a maioria adolescentes. Em coro, elas entoaram músicas que celebram a potência de sua ancestralidade, além de serem protegidas pelas mulheres negras mais velhas de entidades e movimentos coletivos que compõem a organização do ato.
Composta por movimentos e coletivos de Salvador e do interior, a marcha faz parte da agenda coletiva da 12ª edição do Julho das Pretas. A agenda é organizada pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, a Rede Fulanas — Negras da Amazônia Brasileira e por centenas de outras organizações de mulheres negras, ou comprometidas com a luta pelo fim do racismo e do sexismo.
Conheça a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem-Viver através da cobertura do Portal Black Fem intítulada “A Marcha das Pretas”:
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