Texto:

Lívia Oliveira

Jornalista do Portal, Lívia Oliveira é comunicóloga formada em jornalismo e escritora soteropolitana, apaixonada pela comunicação. Autora do romance "Coração Gelado", acumula passagens no Jornal A Tarde, Criativos.

Ilustração:

Luíse Reis

Luíse Reis é advogada consultora do Portal. Dedicou sua vida à advogacia com foco em diversidade, equidade, raça e gênero. Atuou como vice-presidenta da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB/BA. Seu compromisso e ativismo foram reconhecidos com o Prêmio Tereza de Benguela, uma homenagem a mulheres negras que lutam pela igualdade e direito da população negra na Bahia.

Festival da Ostra

“Mudanças Climáticas e Sustentabilidade” foi o tema do evento que valoriza a cultura e arte quilombola. A festa acontece desde 2009.

Fotos: Luíse Reis

Supervisão: I’sis Almeida

O 16º Festival Cultural e Gastronômico da Ostra tomou conta da Comunidade Quilombola de Kaonge, em Cachoeira, neste sábado (12) e domingo (13). A tradicional celebração do Recôncavo Baiano contou com atividades relacionadas à cultura, gastronomia e debates sobre sustentabilidade.

O público presente pôde saborear pratos à base de ostras cultivadas na Bacia do Vale do Iguape, enquanto apreciava a programação musical. Artistas como Jau, Canindé, Nenho, Lazzo Matumbi, Samba Trator, Ronaldo Santtos e o tradicional Samba de Roda de Dona Dalva agitaram o evento.

O Festival da Ostra, que já se consolidou como um dos eventos mais importantes da região, vai além da celebração gastronômica: é um momento de reafirmação da identidade quilombola e da cultura afro-brasileira. A Comunidade Quilombola de Kaonge, localizada na Rota da Liberdade, na Zona Rural de Santiago do Iguape, em Cachoeira, no coração do Recôncavo Baiano, carrega uma rica herança histórica e cultural, sendo referência na luta pela preservação de suas tradições e do meio ambiente.

Mulheres movimentam o festival e a economia local

A festa, realizada desde 2009 entre setembro e outubro, envolve uma intensa preparação da comunidade para receber os visitantes. Os moradores decoram o espaço, preparam pratos saborosos e apresentam o que há de melhor em suas produções artesanais. A prática não apenas fortalece os laços comunitários, mas também gera oportunidades para pequenos produtores e artesãos.

Foto: Luíse Reis

As mulheres desempenham um papel central na economia local, sendo a maior parte da comunidade e as principais responsáveis pela coleta de mariscos, que, juntamente com a produção de ostras, mel, dendê e xarope de ervas medicinais, sustenta a região. A tradição do trabalho com mariscos e outros produtos locais, como apicultura e artesanato, é uma herança transmitida de geração em geração, com as mulheres liderando os núcleos produtivos.

Muitos desses produtos, como ostras, azeite de dendê, quiabo, camarão seco e temperos, são comercializados entre os próprios quilombos, gerando uma movimentação financeira estimada em R$ 70 mil por ano, o que reforça o protagonismo feminino na condução desse ciclo econômico.

Sururu – Moeda própria

O quilombo também conta com uma moeda própria chamada Sururu, criada em 2012 e de livre circulação no Vale do Iguape. O Vale tem o Banco Comunitário Solidário dos Iguapes, cuja existência foi comunicada ao Banco Central. O câmbio é de 1 real para 1 sururu. Com locais para o câmbio de moedas, o Festival da Ostra de Kaonge integra os quilombos de Maragogipe, São Félix, Cruz das Almas, Santo Amaro e Muritiba.

Durante a festa, o governador do estado, Jerônimo Rodrigues, destacou a importância de promover a identidade e a dignidade das comunidades. “Estamos aqui para apoiar a valorização das nossas tradições e garantir que a cultura afro-brasileira continue a ser celebrada e respeitada”, afirmou. No evento, foi entregue a Carta Quilombola do Território do Recôncavo aos gestores públicos, documento que expressa as principais demandas das comunidades quilombolas da região.

“Esse tipo de turismo diversifica a oferta turística da Bahia, oferecendo experiências autênticas em várias comunidades quilombolas distribuídas pelas 13 zonas turísticas do estado. Essas comunidades estão preparadas para receber turistas que buscam vivenciar culturas distintas das que experimentam no cotidiano”, destacou Maurício Barcelar, titular da Secretaria de Turismo da Bahia.

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