Seis anos depois do crime, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz receberam a condenação na tarde desta quinta
Foto: Mayara Donaria (@maydonaria)/Instituto Marielle Franco
Os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, réu confessos do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, mortos a tiros em março de 2018, foram condenados após julgamento no 4° Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, que começou na última quarta-feira (30) e se encerrou ontem (31) à noite.
Após seis anos do crime, Ronnie Lessa, autor dos disparos, foi condenado pelo júri a 78 anos e 9 meses de prisão. Já o motorista no crime, Élcio Queiroz, também ex-policial, recebeu a pena de 59 anos e 8 meses de prisão.
Ambos se enquadraram no crime de duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves (assessora de Marielle e sobrevivente do atentado) e receptação do Cobalt prata, carro clonado dirigido por Élcio, utilizado no crime.
Além da prisão, os autores ainda foram condenados a pagar indenização de 700 mil reais por danos morais para a viúva e filho de Anderson Gomes e para a viúva, filha e mãe de Marielle Franco.
“O mundo esperava por isso. São seis anos, sete meses e dezessete dias que a gente está lutando e nunca paramos de acreditar que isso um dia iria acontecer”, relatou a mãe de Marielle Franco, Marinete da Silva.
Durante o julgamento, foram ouvidas as testemunhas Fernanda Chaves e Marinete Franco. O julgamento contou com o depoimento de nove testemunhas e dois réus.
“Não é só pela Marielle e pelo Anderson, é por um projeto que a gente acredita, é para que todos nós saibamos que sair de casa para trabalhar e voltar é direito, é vida digna”, defendeu Anielle Franco, irmã de Marielle e ministra da Igualdade Racial.
No início do dia, familiares e membros do Instituto Marielle Franco realizaram um ato em frente ao 4º Tribunal do Júri, no Centro do Rio de Janeiro (RJ), para reforçar o pedido por justiça. O júri pôde ser acompanhado online, através do canal de YouTube do Instituto Marielle Franco.
Quem leu a sentença foi a juíza Lúcia Glioche. “A Justiça por vezes é lenta, é cega, é burra, é injusta, é errada, é torta, mas ela chega. A Justiça chega mesmo para aqueles que como os acusados acham que jamais serão atingidos pela Justiça”, afirmou a magistrada.
Emocionados, a família de Marielle e Anderson choraram, aplaudiram e também se abraçaram após a decisão de condenação dos autores do crime. Já os acusados de serem mandantes ainda serão julgados, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Relembre a trajetória e o caso Marielle Franco
Marielle dedicou sua vida à defesa das comunidades marginalizadas do Rio de Janeiro e do Brasil. Foi eleita vereadora do Rio com 46,5 mil votos para o mandato de 2017-2020, durante a eleição municipal de 2016, obtendo a quinta maior votação. Grande parte dos votos veio da Zona Norte do Rio de Janeiro, cerca de 47% do total, seguidos pela Zona Sul (34%), Zona Oeste (18%) e Centro (1%).
Marielle e seu motorista, Anderson, foram mortos ao sair de um evento na Casa das Pretas, um espaço coletivo de mulheres negras na Lapa, no Centro do Rio. A parlamentar embarcou no carro junto com a assessora Fernanda Chaves. O veículo, dirigido por Anderson, foi emparelhado por um Cobalt prata e atingido por diversos disparos.
O caso rapidamente ganhou destaque nacional e internacional, gerando protestos e mobilizações em várias cidades. A indignação pública refletiu a preocupação com a segurança de defensores de direitos humanos e a violência política no Brasil. As investigações revelaram que os réus confessos do crime, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, foram acusados de serem os executores, mas os mandantes do assassinato ainda não foram julgados.
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