Texto:

Lívia Oliveira

Jornalista do Portal, Lívia Oliveira é comunicóloga formada em jornalismo e escritora soteropolitana, apaixonada pela comunicação. Autora do romance "Coração Gelado", acumula passagens no Jornal A Tarde, Criativos.

A Cena Tá Preta

Portal Black Fem esteve presente na 12ª edição, festival “Festival de Arte Negra A Cena Tá Preta”, que exibiu dois filmes dirigidos por Lázaro Ramos

Supervisão: I’sis Almeida

Foto/Reprodução: Festival A Cena Tá Preta

Música, teatro, gastronomia, dança, audiovisual e muitas outras linguagens culturais estiveram na 12ª edição do Festival de Arte Negra A Cena Tá Preta, que ocorreu entre 5 e 8 de setembro em Salvador. As atividades foram realizadas no Quarteirão das Artes, no Espaço Boca de Brasa — Centro, no Café-Teatro Nilda Spencer e no Espaço Cultural da Barroquinha. O evento contou com mesas e oficinas ministradas por artistas negros do Brasil e destaques do Bando de Teatro Olodum, realizador do evento, como o ator Lázaro Ramos.

A programação diversificada foi gratuita, com exceção dos espetáculos teatrais, que tinham preços de R$ 30 e R$ 15 (meia entrada). A abertura foi na quinta-feira, dia 5, às 20h, com a revista musical Cabaré da Rrrrraça, do Bando de Teatro Olodum, grupo com 34 anos de trajetória que atua na dramaturgia, direção, produção poética e gastronomia. Em entrevista ao Portal Black Fem, o ator, diretor e escritor Lázaro Ramos contou que persistência e teimosia foram essenciais para a manutenção do Bando, uma das companhias mais longevas do Brasil.

“Um grupo que durante muito tempo não teve financiamento, patrocínio, em que todos os atores tinham que ter outras profissões para conseguir alimentar o sonho de fazer teatro e não era considerado artista por ser um grupo de artistas negros. O Bando persistiu, insistiu, investiu em si mesmo e no povo negro da Bahia, na história de Salvador”, destaca Lázaro. “Eu fico muito orgulhoso das minhas amigas e amigos que estão aqui fazendo um festival como esse, grande, bem organizado, com uma programação linda. Isso é fruto da persistência do talento delas e deles”, completa.

Durante o festival, Lázaro compartilhou com artistas em formação nas artes cênicas a experiência da carreira de 30 anos, que começou no Bando quando ainda tinha 15 anos de idade. O contato com os alunos ocorreu na Oficina de Interpretação, das 9h às 17h, do sábado (7), no Espaço Boca de Brasa. Lázaro afirma que foram 47 pessoas, bem mais do que ele havia previsto, e que tudo deu certo graças ao empenho, desejo pelo conhecimento e paixão pela área.

“Gosto muito de encontrar esses jovens que estão com vontade de saber, com desejo de construir uma história, e isso eu acho que talvez seja o maior patrimônio que eu encontrei nesse grupo aqui. Os desafios são vários, porque às vezes a gente não sabe que tem direito de sonhar, de ter um objetivo”, destaca Lázaro Ramos.

Oficina de Lazáro Ramos no Festival A Cena Tá Preta — Foto/Reprodução

Ele ainda deixa alguns conselhos aos futuros dramaturgos. “Às vezes realizar sonho é difícil mesmo, a gente recebe um monte de ‘não’. Mas gosto de falar para os jovens que o primeiro a dizer ‘sim’ para a gente mesmo somos nós. Então seja teimoso, entenda quais são suas forças e desafios, mas ainda assim não fique aceitando os ‘nãos’ que a vida dá.”

Dois filmes dirigidos por Lázaro foram exibidos no festival: ‘Medida Provisória’ (2022) e ‘Um Ano Inesquecível — Outono’ (2023). Além deles, também foi exibido o documentário ‘Bando, um Filme de’ (2018), que retrata a história da companhia.

Na noite de sábado, também houve uma mesa com o egresso do Bando Teatro Olodum, Lucas Leto, que participou do elenco da telenovela da Rede Globo, Pantanal. A mesa discutiu os desafios dos artistas negros no teatro e audiovisual e contou com a participação da pesquisadora Mabel Freitas, autora do livro “Educação Antirracista — Com Gosto de Dendê e Cheiro de Pitanga: Orientações Pedagógicas Negrorreferenciadas”, e da atriz, dramaturga e roteirista da Rede Globo, Dione Carlos. A mediação ficou por conta da atriz, diretora e escritora Cássia Valle.

No domingo, após uma programação cheia com Oficina de Krump, Culinária Musical, o teatro infantil da Casa Encantada, Leitura Dramática de “Por Elise”, Videomapping no Pátio Iyá Nassô e “Ijó Dudu — Memórias da Dança Negra na Bahia”, o bloco afro mais antigo do Carnaval da Bahia, Ilê Aiyê, com a cantora e compositora Ayrá Soares, encerrou esta edição do evento. O show gratuito ocorreu no Centro Cultural da Barroquinha a partir das 20h.

Segundo Lázaro Ramos, essa interdisciplinaridade do festival é uma forma de valorizar a pluralidade da arte negra brasileira. “Nós nos expressamos de várias maneiras, inclusive contribuímos muito para as inovações que acontecem por aí. Contamos a história no Brasil, produzimos novela e fazemos teatro há muito tempo. E tem um lugar de inovação que vem da arte preta, sem dúvida nenhuma. As peças que estão em cartaz aqui e os filmes sendo exibidos trazem um sabor novo para as linguagens e isso eu acho importantíssimo”, ressalta Lázaro Ramos.

Realização: O Festival de Arte Negra — A Cena Tá Preta XII, idealizado pelo Bando de Teatro Olodum e realizado pela Mil Produções Artísticas, tem patrocínio do Guaraná Antarctica e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.

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