Foto: Fernando Barbosa/Ascom Ipac
No domingo (20), o Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura (Secult-Ba), oficializou a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia. O decreto assinado pelo governador Jerônimo Rodrigues e publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) de sábado (19). O ato de entrega do título aconteceu durante missa festiva, na Igreja do Rosário dos Pretos, localizada no Pelourinho.
Para que uma manifestação cultural seja reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia, ela deve atender a uma série de requisitos que comprovem sua relevância histórica, social e cultural para a identidade do estado. O reconhecimento é feito pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), que segue as diretrizes estabelecidas tanto em nível estadual quanto nacional (de acordo com o Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
A solicitação de patrimonialização dos festejos partiu da própria Irmandade da Igreja do Rosário dos Pretos e o Conselho Estadual de Cultura aprovou a inclusão da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos no Livro do Registro Especial dos Eventos e Celebrações.
Para o diretor geral do Ipac, Marcelo Lemos, a patrimonialização da festa é também uma forma de reparação. “A Irmandade Rosário dos Pretos, desde o século XVII, se reuniu para que os escravizados pudessem ter um lugar de acolhimento. Então, é muito importante mantermos essa festa, que também sustenta essa igreja e faz parte do calendário baiano. A patrimonialização reforça e reconhece a importância da Irmandade para a nossa história”, afirmou na missa de domingo (20).
Sobre a Igreja e a Irmandade de Nossa do Rosário dos Pretos
A Igreja e Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi fundada por pessoas escravizadas e negros libertos. As irmandades surgiram no século XVII como confrarias religiosas, formadas por africanos e seus descendentes, buscando espaço de devoção e apoio mútuo dentro de uma sociedade escravagista. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída, em muitos casos, pelos próprios negros, em diversas cidades do Brasil, sendo a de Salvador uma das mais conhecidas. Esses espaços se tornaram centros importantes de resistência cultural e preservação das tradições africanas, mescladas ao catolicismo. A festa dedicada à Nossa Senhora do Rosário é marcada por procissões, missas e celebrações que reverenciam tanto a santa quanto os ancestrais africanos.
A Irmandade desempenhou um papel fundamental na organização dessas comunidades negras, promovendo solidariedade entre seus membros e, muitas vezes, auxiliando na compra de alforria para escravizados. Essas confrarias ainda hoje preservam e celebram o legado afro-brasileiro por meio da devoção religiosa, cultura e festividades.
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