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Sócio-fundadora, diretora executiva e de jornalismo do Portal, I'sis é jornalista e bacharel interdisciplinar em artes formada pela Universidade Federal da Bahia, além de técnica em comunicação visual e pós graduanda em Direitos, Desigualdades e Governança Climática. É criadora e podcaster do Se Organiza, Bonita!
“Ignorar a problemática do racismo resultará em notas baixas na redação do Enem dos brasileiros.”
Foto/Reprodução: Marcello Casal jr/Agência Brasil
Para enfrentar os desafios da valorização da cultura africana no Brasil, é imprescindível reconhecer a existência do racismo, especialmente o racismo estrutural que permeia as instituições e práticas sociais do país. Ignorar essa realidade, como fazem muitos que foram educados sob uma perspectiva conservadora e excludente, é não enxergar a situação de milhões de brasileiros que sofrem diariamente com as desigualdades.
A Lei 10.639/2003, por exemplo, que busca incluir a história e cultura africana e afro-brasileira no currículo escolar, enfrenta obstáculos como a falta de formação adequada dos professores, ausência de materiais didáticos e resistência institucional e cultural. O racismo estrutural nas escolas e comunidades impede que essa lei seja aplicada de forma integral, resultando em uma implementação muitas vezes superficial e fragmentada.
A herança colonial de mais de 500 anos no Brasil consolidou profundas desigualdades raciais, criando uma base ideológica que desvalorizava as culturas africanas e promovia a supremacia europeia, onde a branquitude era vista como o padrão. Essa mentalidade moldou as estruturas sociais, culturais e econômicas do Brasil contemporâneo, perpetuando a marginalização das populações negras. As consequências desse passado escravocrata continuam a se manifestar na exclusão de grande parte dos negros e negras em diversos espaços, principalmente daqueles que permanecem nas periferias, e favelas ou que lutam para sobreviver em seus territórios, como os quilombos.
Para valorizar plenamente o legado africano, a autonomia do povo negro é essencial. Políticas públicas que vão além da Lei 10.639/2003, promovendo reparações e criando oportunidades para o empoderamento dessa população, são fundamentais. Nesse processo, a filosofia africana Sankofa oferece uma importante reflexão: ela nos ensina a olhar para o passado e aprender com ele, sem medo de resgatar o que foi perdido, para construir um futuro mais forte. Sankofa nos lembra que reconhecer e valorizar o passado africano é essencial para reverter as cicatrizes deixadas pela colonização.
Estudantes educados sob uma perspectiva antirracista, que valorizam os saberes ancestrais e a memória da luta negra, incluindo o papel das mulheres negras, estarão não só mais preparados para enfrentar o Enem, mas também para contribuir com uma sociedade mais justa.
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